sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mercadorias e Futuro


Mercadorias e futuro
O trabalho é um processo
entre a natureza e os homens
realiza, regula, controla.
Toda força é usada pra controlar
e depois se divide pra produzir.

Ninguém está só!

Nessa terra que gira no oco
ninguém está só
está só.

Todos trabalham
e todos tem acesso
aos frutos de seu trabalho?

Eu pergunto!

Todos trabalham
e todos tem acesso
aos frutos de seu trabalho?

Porque estou aqui para vender uma coisa.
Estou aqui em pé
no som, na luz
para vender um livro.
A terra quem me deu
eu só plantei.

Dos instrumentos de pedra
aos instrumentos de metal
estou aqui para vender um livro.

Passei por lugares
de ramagens pretas
de cruel paisagem
de paragens brancas
infinita estrada e entroncamente
conversei com loucos seres
que me responderam
antes da pergunta.

Estou aqui para vender uma coisa
quem quer comprar?
Pode você não usar
mas tem os seus filhos
e os que virão
os que cairão do vagões do céu
do amanhã.
Você conhece os filhos
que estão plantados lá na colina
e serão colhidos depois?

Demorou para ser feito
e esse símbolo cobrado
não paga nunca hotel.

Dos instrumentos de pedra
aos instrumentos de metal.

E como mercadoria pode ser
comprado, trocado
peço um pouco de atenção
no precioso tempo de vocês.

Tempo é ouro!

Ó amanhã
o que será o amanhã?
É! Eu pergunto embriagado
pelo vinho, pela duvida e o medo da escuridão.

O medo da escuridão!

- Antonio Paes de Lira (Lirinha) - Trecho do monólogo “Mercadorias e Futuro”.
Foto: Renata Teixeira, Itaú Cultural'09 (todos os direitos reservados).

Um comentário:

  1. Fato:Nunca temos certeza plena do amanhã...Gostei da poesia,é um pouco ligada com aquele seu comentário sobre dinheiro;mas quanto á nossa coletividade,não sei ao certo;em vardade,acho que não existe condição mais solitária que a nossa,de ser humano,visto que estamos bem presos aqui na terra.Um beijo

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e ai?